Madrugada insonhos

Publicado: novembro 30, 2011 em Postagens

Adoro a madrugada
D(n)ela sou n-ativo
Mas afogo-me no prazer
Tempo-chama
Sonos/sonhos
Proporciona.

Sobre ter asas e não voar

Publicado: novembro 16, 2011 em Postagens

Cada salto,
Todo passo, e
Meus pés afundam
Neste barro,
Que sou.

Terra úmida,
Por onde transito,
Seca, virando minha pele.
Pele que já nem sinto.

Respiro os ares pobres,
De gases que me mantém vivo.
Do pó e morte sobrevivo.
Pois viver é só memória.

Escuto vida ao fundo,
São Outros, Sons outros,
Que tentam penetrar,
Nesta alma de areia,
Abastecida de água, é rocha;
Inflamada de sol, é pó que voa.

Canto os sons dos tempos.
Nado gritando silêncios.
Com rancor? Estaciono.
Cuido de meu jardim de maus-tratos.

Tenho asas,
Mas para que me servem?

Os dias chovem,
Aumenta o peso,
Que me prende ao chão.

Nunca são só palavras

Publicado: novembro 10, 2011 em Postagens

Palavra nunca é simples.
Palavras nunca são ingênuas.
Palavras são lançadas.
Palavra é sempre violência.

Paradas elas não dizem nada,
Mas quando sopro leva,
Despertam a noite,
Desabrochando em flor.

Pobre de quem não acredita nas palavras.
Na minha incompletude,
Tento me completar delas.
Lançando-me alto, por entre elas,
Ao mundo.

Sou alçado,
Átimo de segundo,
A exalar caminhos,
Que nem imaginava.
Adentro teu mundo,
E me nutro dele.

Sou palavra jogada,
Atira-me de volta,
Nem sou mais eu,
Somos nós,
Dançantes-ébrios,
Dos ventos,
Que {des}norteiam.

Publicado: novembro 8, 2011 em Postagens

Camuflagem imperfeita
Luminescentes erros eclodem
Pela pele, alertando o inimigo
Presa agonizante aguarda
Na vontade de ser comida.

Publicado: novembro 4, 2011 em Postagens

Se na vida cultivo,
Marcas do Esquecimento,
Lembrar de mim agora
É o que há de mais doloroso.

Se voltasse [eu] todo,
Àquela parte,
Sentimento que me reparte
Seria virulenta poesia.

Publicado: novembro 1, 2011 em Postagens

Brilha no céu uma luz invisível,
Um estilhaço indescritível, me cega,
Me rasga as carnes,
Jorro-me pelo meu sangue
Banhando de morte a terra
Que com vida me agradece.

Sou um furacão de sentimento
Devasto o marasmo de todo canto
Sou o próprio encanto que atordoa
Pensamento sutil ecoa
Arrebatando tudo que não tem nome.

Sou tudo que é indizível
O possível é meu drama
Ao sopro do vento
Feito chama, apago,
Sou fumaça que voa
Subo alto, em direção as luzes
Pois com as nuvens desejo estar

Caio ácida inesperademente
Mancho o solo que me recebe
E da podridão de suas carnes
Verde-vida me consome
O que sinto é sem nome
Sou dor e desejo
Agonia e lampejo
De beleza, tão efemera,
Que floresce.

Um ponto de luz

Publicado: outubro 4, 2011 em Postagens

Absolutamente livre
Dentro destas grades.
Absolutamente escravo
Das vermelhas tardes de prazer.

Publicado: agosto 9, 2011 em Postagens

Forte como o mar
Rasgando ao velejar
Horizontes que passam sem se mostrar

Calmo como o ar
Sonhando em voar
Por horizontes que acabam sem mostrar

E assim vou ficar
Viajando em viajar
Por horizontes que nunca vão se mostrar

Pois desejo estar
Perdido sem me encontrar

Voando Alto
Quando a luz acabar

Pois quando tudo escuro
Sou animal noturno

Devorando tudo
Para que então renasça.

Quero ser tudo num só dia.
Nunca tive paciência para esperar.
Porque agora devo me contentar,
Se não me arrependo de nada que fazia?

Sempre quis tudo ao mesmo tempo.
Nunca nada em seu exato momento.
Viajava como poeira solta ao vento.
Mas tua chegada me aprisionou.

Preso às grades me via.
Minha vontade me adoecia.
Teus carinhos? Nostalgia.
O primeiro beijo? Raptou.
Levando-me para dentro,
De um mundo de pensamento.
Que gritavam que não podia te perder.

Mudei porque queria. Sonhei porque devia.
Mas se é só isso que tens para me oferecer,
Sinto te dizer, já não estou interessado.

Sou um projeto infinito
Transbordo de sentimentos tão bonitos
Porque somente por ti deveria mudar?
Se só com migalhas podes me receber
Apenas migalhas tenho para te dar.

Série Angústia – Trajetória

Publicado: abril 16, 2011 em Postagens

No instante que nascia
A vela da minha vida acendia
A cera de meu tempo escorria
Anunciando meu prazo de validade

No instante que caía
Rodeado pelos excrementos
Uma voz no silêncio me dizia
Que o ceu já havia confabulado
Os infinitos paradoxos
Com que iria ser lançado
A essa jaula de tormentos

Selava-se um destino
Caminho traçado
Pelos mares da loucura
De se saber liberto
Filho pródigo do incerto
Profanador dos altares
Dos meus próprios feitos

No instante que amava
Renegava o decreto
De ser fruto concebido desse incerto
E em teus braços deitava
Liberdade chamava
Mas com desejo do perto
Neles me escondia
Tocando um solo que me recebia
Com abraços corrosivos que adorava.

No instante que acordava
Dos delírios que provocavas
No meu universo em sinergia
Lembrava da liberdade, meu guia
Que em toda embriaguez, esquecia
E sem nenhum rancor, vendo-me
Mais uma vez desmanchado em dor, me resgatava

No instante que sonhava
Com as coisas que amei
Fui apresentado a saudade
Que é um pouco como um tormento
Dor psicofísica que reparte
A cada momento que esqueço
Da minha condição: a liberdade
As carnes coladas do meu ser

No instante que morria
A angústia que me consumia, era tamanha
De nada valia os meus nobres feitos
Só percebia os defeitos
De ter vivido a te renegar
A chama da vela apagara
Manchando de negro
Toda porta que entrara
Transbordando em cera
O pires que me recebia

E no instante do último olhar
Meus olhos a mirar
O horizonte infinito
Tua imagem chegara
A doce alegria,
A mais perfeita melodia começara
E a sensação da vontade
Que se todo tempo me restasse
Só valeria, se tu falasses
Que ao meu lado ficarias

E novamente a saudade,
Que é um pouco como um lamento,
Que toda vez que entoas
Tristeza voa, rasgando
As matas virgens do ser,
Torna a aparecer
Fazendo relembrar
A beleza de se sentir completo
Ao sentir por perto sua presença
E por mais efêmero que esse momento seja
Sou um homem que deseja,
No último instante, viajar.