A dureza poética de uma cidade que é todo canto.
As janelas te tiram dos mesmos círculos.
As teias cósmicas remetem a outro plano.
Horizontes outros dizem belezas que jamais ouviu.
Raízes perfuram espaços que não podem ocupar
Folhas balançam em arte sem ninguém jamais ver
Vidros arranhados são cores que ardem
Frutos e casulos por toda parte
Vida mostra, parada morte.
Luzes refletidas destoam e dispersam
Olhares marcados por um constante cansaço.
O sempre visto é o nunca belo
O nunca visto parece incrível.
Todo dia, toda hora, tudo sempre é surpresa
Tempo consome a liberdade do momento
Liberdade do momento é consumida pelo tempo.
Olhares em êxtase te resgatam.
O mundo sempre sombra
É luz em colapso projetada
Na parede te vejo sempre bela
Teu movimento é vento que nos acaricia.
Loucos/ébrios dançam, cantam em sua singular leveza
Outros morrem em sua sutil tristeza
Janelas continuam sem que ninguém as olhe,
Mas as imagens sempre estiveram lá.